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18 outubro 2007

Noite de sonho de Makukula

Uma noite de fadas para Ariza Makukula! O extremo português, que chegou ao Azerbaijão com sono, sem bagagem nem botas, proveniente de Bruxelas, onde passava umas miniférias, foi a figura de ontem da selecção nacional, ao marcar o primeiro golo da partida, em Almaty, no Cazaquistão, bastante perto do final do encontro. Uma cabeçada que abriu a porta a um êxito muito difícil, mas extremamente saboroso. Nos descontos, ainda haveria mais dois golos Cristiano Ronaldo carimbaria o selo dos três pontos, mas Byakov ainda reduziria a desvantagem.

Um triunfo (2-1) importantíssimo para as cores lusas, dado permitir que se isole no segundo posto, com mais três pontos do que a Finlândia e apenas menos um do que a líder Polónia. É caso para dizer que o Euro 2008 está cada vez mais perto. No entanto, mais uma vez, o resultado foi muitíssimo melhor do que a exibição, bastante "nublada" na maioria dos 90 minutos. Adivinhava-se um decepcionante nulo até chegar o golo do luso-congolês.


A odisseia das chuteiras de Makukula
O sonho de Makukula surgiu como uma espécie de redenção, pelo que muita da felicidade do avançado no momento em que brilhou ao serviço da Selecção Nacional não estará apenas reservada ao golo marcado ao Cazaquistão. Isto porque, para poder corresponder com eficácia à chamada em cima da hora de Scolari, o jogador do Marítimo teve de passar por uma verdadeira odisseia.
E, neste aspecto, as chuteiras poderão funcionar como símbolo da frustração transformada em superação e euforia. São conhecidas as superstições dos jogadores, que tentam cumprir certas rotinas para que o jogo lhes corra bem e o calçado desempenha um papel fulcral neste processo. Para Makukula nada disso é diferente, mas acabou por nem fazer a diferença.



No passado fim-de-semana, Ariza estava na Bélgica, com a sua família, gozando alguns dias de folga, enquanto as chuteiras repousavam em sua casa, no Funchal. Quando tocou o telefone e o secretário-técnido do Marítimo, João Camacho, lhe deu a notícia de que tinha sido chamado para substituir Nuno Gomes, surgiu a incredulidade, depois a alegria e finalmente o desespero. Sem passaporte e, acima de tudo, sem chuteiras, não teria tempo para se juntar à Selecção.

O pior cenário desenhado previa que chegasse junto dos seus companheiros na madrugada do jogo, o que era impensável. Sem soluções para entrar na casa do jogador, os dirigentes do Marítimo desdobraram-se em contactos e conseguiram encontrar uma saída. Acabaria por ser um familiar do presidente Carlos Pereira a transportar os objectos tão desejados até Bruxelas, entregando-os ao jogador, que partiu de imediato para Baku, via Viena.

Onde estão as chuteiras?
O problema é que, chegado ao Azerbaijão, Makukula perceberia que a bagagem se tinha extraviado. O azar não parava. Como resolver o problema das chuteiras?

As ruas de Baku poderiam resolver o problema e um comerciante afoito aceitaria vender-lhe um par de calçado especial, mas com uma condição: posar ao lado de Cristiano Ronaldo para uma fotografia inesquecível. Madeirense de gema, o astro do Manchester United aceitaria colaborar para a causa e as chuteiras chegariam finalmente às mãos do novo avançado da Selecção.
Só que não eram do seu agrado. O pé grande, de tamanho 45, é também um dos mais delicados, um dos mais exigentes. E a chuteira não servia. O pesadelo continuava.
Até que um inesperado suplente, renegado para o banco por Bruno Alves, aceitaria ceder o seu precioso bem. Fernando Meira emprestou-lhe o calçado, tão pessoal, para que o bom gigante entrasse na segunda parte e marcasse o golo que abriu o caminho ao triunfo português. Não foi com os pés, é certo, mas pelo menos terá servido para terminar a história como nos contos de fadas.

Só não se sabe se viverão felizes para sempre. É que, algures num aeroporto do mundo, estão as verdadeiras chuteiras de Ariza Makukula, as mesmas que o têm guiado até ao topo de melhores marcadores da Liga portuguesa -
in "Mais Futebol"-