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10 dezembro 2006

As Rotinas de Fernando Santos


QUANDO AS COISAS parecem bem encaminhadas para o Benfica e Fernando Santos amealha um crédito temporário de indulgência por parte dos desconfiados adeptos, acontece uma desgraça sob a forma de derrota com 3 golos miseravelmente sofridos. Irrita, de tão rotineiro. Os 3 do Bessa desfizeram o efeito do apuramento para a Liga dos Campeões e assinalaram um início de campeonato completamente falhado, os 3 de Glasgow apagaram a impressionante exibição de Leiria, os 3 do Dragão interromperam a melhor série de resultados na Liga, os 3 de Braga fizeram-no cair da classificação mais alta da época (3.° posto), os 3 de Man-chester nem deixam saborear a inesperada vitória de Alvalade.

AO TODO, SÃO SEIS derrotas em 18 partidas e um total de 22 golos sofridos, 9 deles de cabeça na zona frontal da baliza. Em cinco das seis derrotas foram consentidos 3 golos. A buzina do alarme toca sem intermitências sempre que o Benfica sofre 1 golo: atrás vêm mais! Ao contrário de l muitos que nunca conseguem perceber de onde sopram os " maus ventos, a equipa técnica do Benfica não se cansa de afirmar que sabe muito bem o que está errado e qual o motivo da fragili-dade deste sistema defensivo, muito mal apoiado pelo meio-campo. Quando pretende aligeirar os defeitos, o treinador tem um jeito peculiar de enfatizar os méritos - neste caso, avança um discurso optimista que tenta passar a ideia de uma equipa muito ofensiva, com estratégias de vitória que a fariam correr riscos atrás Não só não é verdade como contribui para a repetição cíclica dos pequenos abalos que vão preparando terreno para um inexorável "big one".

EM TODOS OS JOGOS que perdeu sofrendo 3 golos o Benfica teve períodos de autêntico desnorte, falta de coesão e incapacidade ofensiva. Tal como aconteceu em Old Trafford, onde não foi por atacar muito, embora precisasse,
que sofreu aqueles golos de forma tão passiva, e onde apenas o imenso talento individual de Simão Sabrosa disfarçou a total inoperância do ataque. Em todos os grandes jogos da temporada, excepto o de Alvalade, arrancou com uma estratégia de contenção e equilíbrio de jogo absolutamente inadequada às características dos seus jogadores das linhas avançadas, muito pouco ciados a exercer pressão sem bola. Pensar que a equipa pode resistir a adversários com poder de ataque tem sido a perdição de Fernando Santos, que só teve a sorte do jogo do seu lado precisamente em Alvalade, pelo golo madrugador, sem esquecer o mau momento de
forma do opositor.

AO LONGO de quatro meses, Fernando Santos introduziu profundas mudanças de funcionamento num plantel que tivera apenas ajustes pontuais, substituindo Manuel Fernandes por Katsouranis. Parece evidente que, do ponto de vista da eficácia, as soluções preconizadas deixam a desejar e têm aniquilado alguns dos pontos fortes da equipa deTrapattoni (a coesão defensiva) e de Koeman (a diversidade da capacidade finalizadora). Mudou a forma de defender e a de atacar e embora se esforce em benévolas análises comparativas e em compilar pontos favoráveis, já está a perder para o holandês em matéria de carreira na Liga dos Campeões, onde o Benfica nunca tinha sido eliminado na fase de grupos, e não se imagna como possa repetir o título nacional do italiano.

ENTRETANTO, a continuidade na Taça UEFA minimiza os prejuízos desportivos e financeiros de uma eliminação num grupo extremamente acessível e serve para colocá-lo um patamar acima do Sporting, mas também pode perturbar a dedicação ao objectivo campeonato. Treinador e equipa mostraram-se incapazes de gerir as duas competições em simultâneo.

João Querido Manha, in Record 10 ( 09 DEZ 06 )